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segunda-feira, junho 05, 2006

Exploração sexual

É engraçado que tenha falado no dia da mulher na sexta feira (quase quatro meses depois do seu dia) e depois à noite ter visto o que vi.
Foi um filme (ou mini série, não sei), baseado em factos reais, acerca do tráfico de mulheres para exploração sexual dos países de leste. Quando liguei para a RTP 2 (onde passou o filme) já tinha começado e houve algumas coisas que não pude perceber de certeza. Mas a história era acerca de duas irmãs moldavas, uma das quais com um filho bebé, que queriam emigrar para ganharem dinheiro e melhorar a sua vida e a dos seus (a história de todos os emigrantes). O filho da Elena ficou com a mãe de ambas e, pelo que percebi elas entregaram dinheiro e os seus documentos a um homem seu conhecido que era suposto levá-las para fora do país para trabalharem. A certa altura da viagem, de carro, que elas faziam com dois homens e com outra mulher enganada elas perceberam que os documentos não lhes iam ser devolvidos. A irmã mais nova, Vara, grita com eles e é espancada. Chegadas a Sarajevo são levadas a uma casa onde um casal as recebe, comem e tomam banho. Nessa casa já lá estavam mais raparigas (algumas com 16, 17 anos). Mais tarde são levadas para um apartamento cheio de raparigas. Elena é levada para fora de casa e depois de resistir e ser espancada é violada por um dos homens que a levou de carro. Vara quando chega ao pé da irmã não falava e estava cheia de nódoas negras. Daí para a frente tinham de ir com quem quer que fosse e iam-nas buscar sempre para que não tentassem fugir ou contactar com ninguém e ficar com o dinheiro que lhes pagavam.

Mas a história rola à volta de uma empresa britânica que ganhou o concurso para fazer a segurança na Bósnia, para proteger as pessoas e cujos agentes são agora responsáveis pelo tráfico das mulheres, que eram mortas ou abandonadas à sua sorte quando apareciam com doenças, ou seja elas não podiam, nem que pudessem recorrer a ninguém até porque no bar onde começaram a trabalhar os principais clientes eram os agentes dessa empresa.
Um trabalhador de uma ONG percebe o que se passa porque tinha assistido a uma compra e venda das mulheres na rua pelos agentes. As mulheres eram despidas e examinadas como se de coisas se tratassem. Ele tentou disfarçadamente filmar a cena mas foi espancado e foi-lhe retirada a câmara. No bar tenta falar com Elena como cliente, mas eles percebem, simulam uma rusga ao bar, ele é preso e expulso do país por incentivo à prostituição.
A dada altura Elena consegue que um cliente, antes que a venham buscar, lhe empreste o telemóvel para telefonar para casa. O telefone de casa era a cabine da aldeia e atendia quem fosse a passar. Elena identificou-se e conhecia quem a atendeu a quem pediu para dizer à mãe delas que elas precisavam de ajuda, que fosse falar com a polícia. Ao outro dia perceberam que até a polícia da sua terra estava metida no esquema e durante a cena em que o seu explorador dizia que se alguma tentasse aquilo mais alguma vez os filhos e a família eram mortos, matou uma rapariga que os clientes diziam que era nojenta pois na cara lhe começaram a aparecer marcas da doença que tinha apanhado.
A esta altura já ninguém deve estar a ler – eu estico-me sempre. Esta primeira parte do filme termina com o barco, em que as irmãs que foram vendidas para seguirem para Itália, a ser interceptado por uma polícia marítima. Para fugirem mais depressa ou como manobra de distracção atiram Elena borda fora.
No sábado quando volto a ligar para o mesmo canal está a dar uma reportagem sobre o mesmo assunto com vítimas e o próprio chulo a serem entrevistados. Eram vitimas que tinham conseguido escapar, uma por dó de um cliente que a ajudou a fugir e outra porque o marido não desistiu de a encontrar e o receio de serem descobertos fê-los entregá-la. Esta última tinha também um filho e foi levada para Londres, onde na primeira noite lhe disseram que ía entrar um homem e ela tinha que fazer o que ele quisesse. Quando o homem entra ela debateu-se com ele. Entraram mais dois homens, amarraram-na, drogaram-na, espancaram-na e violaram-na. Na primeira semana chegou a ter dez clientes todas as noites porque todos queriam experimentar a nova rapariga. Durante dois meses foi explorada até que a libertaram. Chegou a casa grávida de seis semanas e perdeu a criança devido a doenças e porrada que levou. Conseguiram prender o chulo que lhe fez tudo isto e ela seria uma das testemunhas que o levariam a oito a quinze anos de prisão. Mas não foi chamada como testemunha, não foi avisada do dia do julgamento e ele saiu com cinco anos de pena suspensa. Ele também foi entrevistado e se no dia do julgamento escondeu a cara, durante a entrevista mostrou-a, explicava tudo o que se passa nesse negócio, sem ponta de remorso, e no final a rir cinicamente, disse que o juiz o tinha entendido e por isso o libertou.
Não me interessa o que digam mas eu fiquei com um ódio imenso a esse homem e ao juiz e nesse momento se os tivesse à frente sentia-me capaz até de os matar e não foi a mim que ele torturou. ´
Quando as mulheres conseguem fugir, ou são apanhadas pelas polícias dos países onde se encontram (Inglaterra, Itália…) são deportadas para as suas terras e são de novo apanhadas por eles, para passarem por tudo de novo.
No final deu a segunda parte do filme. E no final deste os responsáveis saíram mais uma vez impunes.
É este o mundo em que vivo e que a cada dia que passa me faz ter cada vez mais nojo de ser gente. Há uns tempos vi um filme de uma campanha de prevenção de maus tratos de crianças cujo Slogan era “Muitas crianças desejam que os seus pais fossem animais” e mostram o carinho que vários animais dispensam às suas crias e no final uma crianças cheia de hematomas de maus tratos.
Quanto mais conheço os humanos mais gosto dos animais.

3 Comments:

Blogger Cathy said...

até metem nojo!!!

6/6/06 16:47  
Blogger Cathy said...

olá... a ana filipa é uma colega minha do apartamento... era a minha colega de quarto do 6º. que depois foi para a frança, em erasmus... ela rea de comunicação. de qualquer maneira podes sempre visitar algumas fotos dela e do filhote em ondealuanda... de certeza que conheces...jinhos...

7/6/06 10:22  
Blogger Mãe do Outro Mundo said...

Olá Xica. Nem de propósito... Há pouco, o meu filho de 8 meses conseguiu deitar as mãos ao pastor alemão (por quem ele nutre uma paixão louca) e foi ver o pobrezito imóvel enquanto o piolho lhe puxava o pelo, lhe enfiava as mãos dentro da boca e tudo mais que conseguiu.

O cão não se mexeu e eu tenho confiança absoluta de que seria incapaz de magoar o Rafa. Quantos pais não batem 'à séria' nos filhos porque eles não estão quietos e às vezes sem mesmo motivo?

24/6/06 00:08  

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