visitas

sexta-feira, junho 30, 2006

COMO SE EDUCAM OS ADULTOS

Os seguintes excertos retirei-os de um livro que o meu pai tinha lá em casa: “Como se educam os adultos”. Quando lerem verão a razão porque decidi partilhar - são uma moca. Note-se que a edição do livro é de 1978.

“Algumas mães contaram como é que os filhos “se defendem” das pretensões dos adultos:
- “A minha filha passa o tempo a ameaçar-me de que vai arranjar outra mãe mais obediente.”
- “Quando digo à minha filha, de 7 anos, que já não gosto dela por ser desobediente, encolhe os ombros e pede-me para ser mais boazinha com ela porque ela gosta de mim mesmo quando eu sou uma mãe ruim.”
- Os meus filhos não têm medo de mim nem do pai. Se os repreendemos, chamam-nos à ordem dizendo que ainda são pequenos.”
- O meu filho tem 5 anos, mas quando o repreendemos declara que, em casa, somos todos uns nervosos e que se sente melhor quando estamos fora.”
- O meu filho tem 9 anos e um feitio difícil, talvez por ser filho único: só obedece quando lhe explicam as razões porque deve obedecer. Há dias, eu estava irritada e dei-lhe uma bofetada: passados 10 minutos, apareceu de mala aviada e, muito delicadamente, estendeu-me a mão, dizendo que, apesar de gostar de mim, tinha de deixar de viver comigo por ser contra a violência. Procurei explicar-lhe que não deve reagir mas respondeu-me que não deve ser ele a envergonhar-se de reagir, mas sim eu a envergonhar-me de “me meter” com uma criança”.

quinta-feira, junho 29, 2006

UMA GRANDE E SIMPLES VERDADE

quarta-feira, junho 28, 2006

TEORIA da CAIXA

Um dia, há já muito tempo (anos mesmo-estou velha), lembro-me de ter ouvido uma teoria acerca da vida moderna, do modo como a vivemos. Nunca mais esqueci essa teoria, porque para mim, na altura fez todo o sentido. Vejam lá comigo.
O autor da teoria (não me lembro sequer se era português, chinês,…, não sei), chamava-lhe (se não chamava passa a chamar) a teoria da ERA da CAIXA.
De acordo com esta teoria toda a nossa vida se desenrola em e em função de caixas, senão vejamos:
- Vivemos numa caixa que é a nossa casa;
- Temos muitas caixas em nossa casa para nos facilitarem (ou não) a vida e perdemos, em especial com uma delas, uma fracção de tempo considerável – a TV.
- Para nos deslocarmos da caixa que é a nossa casa até outras (escritório, oficina, cinema, centro comercial, escola, supermercado, discoteca, café,…) fazemo-lo, na maior parte das vezes, em caixas como sejam o nosso carro, o autocarro, o comboio, para viagens maiores o avião, o barco,…).
Ainda que existam muitas excepções à regra a tendência é cada vez mais para estarmos confinados às caixas da nossa vida, e mais ainda vivermos em função delas no sentido em que muito do que fazemos é para ter o maior número de caixas possíveis (pelo menos de algumas).
Que me dizem? Interessante, ou não? O quê? Já tinham pensado nisso? Usem a caixa que têm à vossa frente e digam-me o que pensam para eu poder ler na minha caixa.

sexta-feira, junho 23, 2006

MATAR HORAS

Matar horas,
Horas que podiam estar repletas de vida.
Mas não. São horas mortas.
Umas atrás das outras - horas de sentido desprovidas.
Hora após hora,
Dia atrás de dia,
Semana sobre semana,...
São tão longas, as horas mortas.
São lentos os segundos e os minutos que as formam,
Perduram pelo tempo que moldam.
As horas em que vivo,
As poucas que são férteis,
Passam por mim a correr,
Como se estivessem com pressa de partir,
Partir, para junto de quem melhor as sabe viver.
Teoria da relatividade?
É a teoria que explica o meu dia-a-dia,
Esta ânsia de me ir embora,
Enquanto nunca mais chega a hora.
Cada hora aqui,
É remoída devagar,
Tão lentamente que ás vezes
Até parece que é hora do tempo parar.
No entanto,
Se consulto o calendário,
Já mais um ano aqui se perdeu,
Já menos 8760 horas tenho para recuperar
E para viver o tempo que já morreu.
(Xica)

A pasmaceira inspirou-me (ou não).

Este tem direitos de autora (é melhor calar-me e ficar com a bicicleta).
BOM FIM DE SEMANA

CHEGOU O VERÃO (ok, já foi no dia 21)

Eu sei, eu sei – sou sempre do contra. Mas não consigo evitar - é assim q eu sou. E como diria o meu amigo Xlaudinho – “com esse feitio, hás-de ter muitos amigos”.
Bem, mas o tema, desta feita, é o Verão. Sim aquele q começou anteontem, literalmente falando, e não só no calendário.
Ao contrário de 99,9% das pessoas (tinha de ser), eu não aprecio muito o Verão, pelo menos quando ele se comporta como Verão – muito calor, sem ar a correr, com céu escuro da poluição e dos fogos.
É verdade, o Verão p mim é uma tortura e vir trabalhar no fim de almoço nos dias mais quentes…nem se fala.
Quando eu era garota ía p uma praia cá no norte p a qual iam muitas senhoras de idade, alguma das quais viúvas (penso eu de que pelas vestes que envergavam). Ora, então, elas iam p a praia usando o traje típico das viúvas – negro e com o respectivo lenço na cabeça, também ele negro. Alugavam ou não uma “barraca” , colocavam as suas mantas na areia e lá ficavam o dia inteiro levantando-se só p ir molhar os pés com as roupas vestidas que por vezes até voltavam molhadas.
Toda esta conversa p vos contar q hoje apesar de ainda não ser uma senhora de idade faço o mesmo na praia, fico lá vestida (não de negro) com o meu chapéu ou debaixo do guarda-sol em cima da minha mantinha (leia-se toalha de praia). Só de lá saio p ir á água (mas de biquini-também não exageremos) ou já ao fim da tarde quando o sol não queima.
É q, acreditem ou não, o calor incomoda-me, não gosto de o sentir quente na pele.
E depois a história dos incêndios, o desperdício de água que pode vir a fazer falta, tudo me deixa mais q irritada com o q nada se faz.
Prefiro a Primavera e o Outono – mas com as características q estudei na primária e q hoje já não se manifestam.
Entre o Verão e o Inverno – o Inverno, pleeeeeaaaasssse. Ou então chover no Verão também é bom – até dá vontade de andar à chuva (não me matem os que estão de férias, estou a brincar).

No Inverno, quando chove, á noite, adormecer com a chuva a bater no telhado e na janela – não há melhor.
não detesto por completo o Verão. Nestes dias do que gosto é do tamanho dos dias e com ele os fins de tarde que me permitem ir p o jardim esgravatar - é tão bom p o stress.
Bem também gosto de não ter q andar com muita roupa e da perpectiva de que vêm aí uns diazitos sem ter que vir trabalhar.

quinta-feira, junho 22, 2006

MUNDIAL vs ECONOMIA

As minhas desconfianças confirmaram-se ontem: nem que a selecção portuguesa ganhe o mundial a economia portuguesa não vai melhorar. Pelo menos de acordo com a opinião de alguns economistas entendidos no assunto. Esperam apenas que, se tal acontecer, a produtividade do povo português aumente, mas de resto até pode aumentar o consumo, mas do que o país precisa é de investimento e tal não vai suceder em qualquer das hipóteses.
Uma coisa é certa a economia de meia dúzia de portuguses e alguns brasileiros vai concerteza melhorar: a dos jogadores da selecção portuguesa, treinador, equipa técnica... e esses sim precisam. (Não admira que a maioria dos miúdos que eu conheço se estejam a lixar p as aulas e queiram ser jogadores de futebol).
Mas de qualquer forma, se ganharmos, vamos ficar conhecidos mundialmente como os melhores a jogar futebol- se no resto estamos na cauda, pelo menos da Europa, isso são pormenores sem a mínima importância.
Ah! Já me ia esquecendo. Um dos economistas disse que esta euforia e a possível vitória da nossa selecção só traziam benefícios ao governo, que as pode aproveitar para tomar medidas que numa situação normal seriam severamente contestadas.

quarta-feira, junho 21, 2006

PENSIONISTAS MILIONÁRIOS

Se não ouvi mal, hoje de manhã nas notícias, são MAIS 21 os pensionistas milionários (a ganharem mais q o presidente da república) q vão ser premiados já a partir deste mês.
Assim está bem. E se eu quiser ter direito a reforma ou a fundo de desemprego devo começar a descontar mais do que o que desconto para uma conta individual porque o que eu agora desconto, fruto do meu trabalho, é para alimentar chulos que trabalham meia dúzia de meses e ficam a ganhar, por mês, sem nada fazerem, o que os trabalhadores portugueses levam anos p ganhar– está muito bem.
Mas querem saber que mais: VIVA PORTUGAL (leia-se, a selecção portuguesa), isso é que interessa, o resto são pormenores que não interessam p nada, n'est pas portugas?

terça-feira, junho 13, 2006

ÁGUA VS COCA-COLA


ÁGUA
  • Um copo de água corta a sensação de fome durante a noite para quase 100% das pessoas em regime. É o que mostra um estudo na Universidade de Washington.
  • Falta de água é o factor nº 1 da causa de fadiga durante o dia. Estudos preliminares indicam que de 8 a 10 copos de água por dia poderiam aliviar significativamente as dores nas costas e nas articulações em 80% das pessoas que sofrem desses males.
  • Uma mera redução de 2% da água no corpo humano pode provocar incoerência na memória de curto prazo, problemas com matemática e dificuldade em focalizar um écran de computador ou uma página impressa.
  • Beber 5 copos de água por dia diminui o risco de cancro no cólon em 45%, pode diminuir o risco de cancro de mama em 79% e em 50% a probabilidade de se desenvolver cancro na bexiga.
Você bebe a quantidade de água que deveria, todos os dias?

COCA-COLA
  • Em muitos estados nos EUA as patrulhas rodoviárias carregam dois galões de Coca-Cola no porta-bagagens para serem usados na remoção de sangue na estrada depois de um acidente.
  • Se você puser um osso numa uma tigela com Coca-Cola ele dissolve-se em dois dias.
  • Para limpar casas de banho: despeje uma lata de Coca-Cola dentro da sanita e deixe actuar durante uma hora. Descarregue o autoclismo.
  • O ácido cítrico da Coca-Cola remove manchas na louça.
  • Para remover pontos de ferrugem dos pára-choques cromados de automóveis esfregue o pára choques com um chumaço de papel de alumínio (usado para embrulhar alimentos) molhado com Coca-Cola.
  • Para limpar corrosão dos terminais de baterias de automóveis despeje uma lata de Coca-Cola sobre os terminais e deixe efervescer sobre a corrosão.
  • Para soltar um parafuso enferrujado aplique um pano encharcado com Coca-cola sobre o parafuso enferrujado durante vários minutos.
  • Para remover manchas de graxa das roupas despeje uma lata de Coca-Cola dentro da máquina com as roupas com graxa, adicione detergente. A
  • Coca-cola ajudará a remover as manchas de graxa.
  • A Coca-cola também ajuda a limpar o embaciamento do pára-brisa do seu carro.
  • Para sua informação: O ingrediente activo na Coca-Cola é o ácido fosfórico. Seu PH é 2,8, dissolve uma unha em cerca de 4 dias. Ácido fosfórico também rouba cálcio aos ossos e é o maior contribuinte para o aumento da osteoporose.
  • Há alguns anos, uma pesquisa na Alemanha para detectar a razão do aparecimento de osteoporose em crianças a partir dos 10 anos (pré-adolescentes). Resultado: Excesso de Coca-Cola, por falta de orientação dos pais.
  • Para transportar o xarope de Coca-Cola, os camiões comerciais são identificados com a placa de Material Perigoso que é reservado para o transporte de materiais altamente corrosivos.
  • Os distribuidores de Coca-Cola têm usado a Coca-Cola para limpar os motores de seus camiões há pelo menos 20 anos.
  • Mais um detalhe: A Coca Light tem sido considerada cada vez mais pelos médicos e pesquisadores como uma bomba de efeito retardado, por causa da combinação Coca + Aspartame, suspeito de causar lúpus e doenças degenerativas do sistema nervoso.
A pergunta é: "Você gostaria de um copo de água ou de um copo de Coca-Cola?"

Não se esqueça de espalhar esta mensagem para os seus AMIGOS, eles devem agradecer... e os seus filhos também, embora só mais tarde.

segunda-feira, junho 05, 2006

Exploração sexual

É engraçado que tenha falado no dia da mulher na sexta feira (quase quatro meses depois do seu dia) e depois à noite ter visto o que vi.
Foi um filme (ou mini série, não sei), baseado em factos reais, acerca do tráfico de mulheres para exploração sexual dos países de leste. Quando liguei para a RTP 2 (onde passou o filme) já tinha começado e houve algumas coisas que não pude perceber de certeza. Mas a história era acerca de duas irmãs moldavas, uma das quais com um filho bebé, que queriam emigrar para ganharem dinheiro e melhorar a sua vida e a dos seus (a história de todos os emigrantes). O filho da Elena ficou com a mãe de ambas e, pelo que percebi elas entregaram dinheiro e os seus documentos a um homem seu conhecido que era suposto levá-las para fora do país para trabalharem. A certa altura da viagem, de carro, que elas faziam com dois homens e com outra mulher enganada elas perceberam que os documentos não lhes iam ser devolvidos. A irmã mais nova, Vara, grita com eles e é espancada. Chegadas a Sarajevo são levadas a uma casa onde um casal as recebe, comem e tomam banho. Nessa casa já lá estavam mais raparigas (algumas com 16, 17 anos). Mais tarde são levadas para um apartamento cheio de raparigas. Elena é levada para fora de casa e depois de resistir e ser espancada é violada por um dos homens que a levou de carro. Vara quando chega ao pé da irmã não falava e estava cheia de nódoas negras. Daí para a frente tinham de ir com quem quer que fosse e iam-nas buscar sempre para que não tentassem fugir ou contactar com ninguém e ficar com o dinheiro que lhes pagavam.

Mas a história rola à volta de uma empresa britânica que ganhou o concurso para fazer a segurança na Bósnia, para proteger as pessoas e cujos agentes são agora responsáveis pelo tráfico das mulheres, que eram mortas ou abandonadas à sua sorte quando apareciam com doenças, ou seja elas não podiam, nem que pudessem recorrer a ninguém até porque no bar onde começaram a trabalhar os principais clientes eram os agentes dessa empresa.
Um trabalhador de uma ONG percebe o que se passa porque tinha assistido a uma compra e venda das mulheres na rua pelos agentes. As mulheres eram despidas e examinadas como se de coisas se tratassem. Ele tentou disfarçadamente filmar a cena mas foi espancado e foi-lhe retirada a câmara. No bar tenta falar com Elena como cliente, mas eles percebem, simulam uma rusga ao bar, ele é preso e expulso do país por incentivo à prostituição.
A dada altura Elena consegue que um cliente, antes que a venham buscar, lhe empreste o telemóvel para telefonar para casa. O telefone de casa era a cabine da aldeia e atendia quem fosse a passar. Elena identificou-se e conhecia quem a atendeu a quem pediu para dizer à mãe delas que elas precisavam de ajuda, que fosse falar com a polícia. Ao outro dia perceberam que até a polícia da sua terra estava metida no esquema e durante a cena em que o seu explorador dizia que se alguma tentasse aquilo mais alguma vez os filhos e a família eram mortos, matou uma rapariga que os clientes diziam que era nojenta pois na cara lhe começaram a aparecer marcas da doença que tinha apanhado.
A esta altura já ninguém deve estar a ler – eu estico-me sempre. Esta primeira parte do filme termina com o barco, em que as irmãs que foram vendidas para seguirem para Itália, a ser interceptado por uma polícia marítima. Para fugirem mais depressa ou como manobra de distracção atiram Elena borda fora.
No sábado quando volto a ligar para o mesmo canal está a dar uma reportagem sobre o mesmo assunto com vítimas e o próprio chulo a serem entrevistados. Eram vitimas que tinham conseguido escapar, uma por dó de um cliente que a ajudou a fugir e outra porque o marido não desistiu de a encontrar e o receio de serem descobertos fê-los entregá-la. Esta última tinha também um filho e foi levada para Londres, onde na primeira noite lhe disseram que ía entrar um homem e ela tinha que fazer o que ele quisesse. Quando o homem entra ela debateu-se com ele. Entraram mais dois homens, amarraram-na, drogaram-na, espancaram-na e violaram-na. Na primeira semana chegou a ter dez clientes todas as noites porque todos queriam experimentar a nova rapariga. Durante dois meses foi explorada até que a libertaram. Chegou a casa grávida de seis semanas e perdeu a criança devido a doenças e porrada que levou. Conseguiram prender o chulo que lhe fez tudo isto e ela seria uma das testemunhas que o levariam a oito a quinze anos de prisão. Mas não foi chamada como testemunha, não foi avisada do dia do julgamento e ele saiu com cinco anos de pena suspensa. Ele também foi entrevistado e se no dia do julgamento escondeu a cara, durante a entrevista mostrou-a, explicava tudo o que se passa nesse negócio, sem ponta de remorso, e no final a rir cinicamente, disse que o juiz o tinha entendido e por isso o libertou.
Não me interessa o que digam mas eu fiquei com um ódio imenso a esse homem e ao juiz e nesse momento se os tivesse à frente sentia-me capaz até de os matar e não foi a mim que ele torturou. ´
Quando as mulheres conseguem fugir, ou são apanhadas pelas polícias dos países onde se encontram (Inglaterra, Itália…) são deportadas para as suas terras e são de novo apanhadas por eles, para passarem por tudo de novo.
No final deu a segunda parte do filme. E no final deste os responsáveis saíram mais uma vez impunes.
É este o mundo em que vivo e que a cada dia que passa me faz ter cada vez mais nojo de ser gente. Há uns tempos vi um filme de uma campanha de prevenção de maus tratos de crianças cujo Slogan era “Muitas crianças desejam que os seus pais fossem animais” e mostram o carinho que vários animais dispensam às suas crias e no final uma crianças cheia de hematomas de maus tratos.
Quanto mais conheço os humanos mais gosto dos animais.

sexta-feira, junho 02, 2006

Dias internacionais, mundiais, europeus...

Nos últimos anos aparecem dias de tudo e de mais alguma coisa e todos os dias (às vezes o mesmo dia é dia de mais que um tema).
Se considerar que os primeiros “dias de” a aparecer tinham encerrados em si um fundamento - a defesa de direitos de quem padecia da falta dos mesmos – e que ainda hoje o critério de criação é esse (que nem sempre me parece ser), esta questão pode ser vista de duas formas: ou existem mais “temas” a necessitarem de ser lembrados/defendidos ou as pessoas começam a estar sensibilizadas para mais assuntos (esta última não me convence).
O que me parece é que, tal como no Natal (que devia ser todos os dias) muito se diz e nada se faz. Quer dizer até se faz - vende-se e compra-se mais.
Eu sei que posso estar a ser amarga e até injusta mas para mim o dia da mulher, por exemplo, não é, propriamente, o dia indicado para as amigas se juntarem e saírem todas porque nesse dia lhes é permitido (como se lhes dissessem “pronto, coitadinhas, hoje é o vosso dia vão lá fazer das vossa”), isto na nossa sociedade. Isso, devem fazer o resto do ano. Eu não gosto desse dia, porque apesar de muita coisa já ter mudado me lembra que ainda assim as oportunidades que tenho em relação aos homens não são as mesmas, que ainda esperam das mulheres coisas que não as deixam disfrutar da vida tal como os homens disfrutam delas. Mas faz-me lembrar ainda mais que há mulheres, algumas crianças ainda, que são obrigadas a casar com homens que podiam ser seus avós, que se se negarem são postas na rua pelos pais; que existem mulheres que pelo simples facto de o marido desconfiar que ela é adúltera a pode levar à morte; que há mulheres que são violadas pelos próprios maridos; que há países onde isso se passa e que estão em vias de pertenceram à mesma comunidade europeia a que eu pertenço e que a cada passo abre a boca para falar em direitos humanos. Mas nós por cá nesse dia saímos contentes à rua para festejar o dia que nos lembra, porquê? Porque temos mais sorte do que estas mulheres? Não, como dizia uma amiga minha não somos nós que temos sorte - são elas que têm azar.
O dia da criança é o dia que lembra que as crianças têm direitos e que estes têm que ser cumpridos. Felizmente, grande parte das nossas crianças sai à rua e diz que gosta de ser criança e que não quer crescer porque ser adulto é uma seca. Para as nossas crianças é um dia feliz, e ainda bem, é bom sinal. Mas por altura de comprar às nossas crianças uma bola, umas sapatilhas, uma t-shirt de marca conhecida, não nos interessamos em saber se foram feitas com o trabalho de uma criança da mesma idade ou mais nova em trabalho como escravo. Não queremos pensar nisso. Nesse dia talvez nos possam lembrar que nem todas as crianças têm direito de o ser e nós até dizemos “coitadinha, tão pequenina”, mas o resto do ano não nos importamos e não nos compete a nós mudar o mundo. Então a quem compete?
Eu sei que posso estar a ser amarga e até injusta, volto a frizar, que talvez em tempos tão difíceis em que há tanta coisa má para lembrar talvez não devesse lembrar mais coisas ruins, mas não consigo evitar ficar revoltada com tanta falsidade, com tanto fingimento, com tanta indiferença, quando de facto até há qualquer coisa que pode ser feita: Mas de momento ao país nada importa pois está parado à espera que mundial de futebol seja el rei D. Sebastião há tanto esperado que o venha tirar desta profunda crise, mas isso já é outra história.